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🌊 Caravelas-portuguesas e Águas-vivas – A Beleza e o Perigo no Atlântico

Ao amanhecer, o mar parece tranquilo. A luz reflete-se como vidro sobre as ondas suaves, e de repente surge algo a boiar — uma pequena forma azul-violeta, translúcida, como uma vela de cristal. É a caravela-portuguesa (Physalia physalis), uma das criaturas mais fascinantes e perigosas do oceano Atlântico.

Nas costas de Portugal e nos Açores, a sua presença desperta curiosidade e respeito. Belas à vista, mas armadas com um veneno doloroso, as caravelas-portuguesas lembram-nos que o mar é, acima de tudo, território selvagem.


Caravela-portuguesa (physalia physalis)

Apesar de muitas vezes chamadas “águas-vivas”, as caravelas-portuguesas não são medusas verdadeiras. Pertencem a um grupo especial de cnidários chamados sifonóforos — colónias flutuantes compostas por múltiplos organismos (pólipos) que trabalham em conjunto, como partes de um mesmo corpo.

Cada caravela é uma comunidade viva: um dos pólipos cria a flutuante “vela”, outros caçam, outros digerem o alimento, e outros ainda reproduzem-se. Um exemplo perfeito de cooperação natural, escondido sob uma aparência etérea.

Caravela-portuguesa (Physalia physalis) – uma colónia flutuante de beleza hipnotizante e veneno potente.


Distribuição e presença nas águas portuguesas

A caravela-portuguesa é típica de mares quentes e temperados, encontrando-se em todo o Atlântico, mas também em partes do Índico e Pacífico. No entanto, correntes marítimas e ventos fortes podem empurrá-las para a costa portuguesa e para as ilhas dos Açores, especialmente na primavera e no verão.

Nos últimos anos, há registos frequentes nas praias do continente e das ilhas — Nas praias dos Açores, quando o vento sopra do sul e o mar se torna translúcido, por vezes surge uma delas — a vela azul que conta histórias do Atlântico e da força silenciosa da natureza.

Apesar da sua fragilidade aparente, é uma das criaturas mais eficientes do oceano, movendo-se suavemente entre as correntes e alimentando-se de pequenos peixes e plâncton.


🧬 Classificação científica

Reino: Animalia
Filo: Cnidaria
Classe: Hydrozoa
Ordem: Siphonophora
Família: Physaliidae
Genero: Physalia
Especie: P. physalis


Alforreca-tambor (Rhizostoma luteum)

A alforreca-tambor (Rhizostoma luteum) é uma das maiores espécies de medusas que podem ser encontradas em águas portuguesas e no Atlântico. É um animal pelágico de grandes dimensões, mas os seus nematocistos (células urticantes) são considerados praticamente inofensivos para os seres humanos.

Alforreca (Rhizostoma luteum)

Características Principais

Tamanho: Na fase adulta, a campânula (corpo em forma de sino) pode atingir os 60 cm de diâmetro, embora em casos excecionais possam pesar até 40 kg.

Habitat: É uma espécie de águas abertas que raramente é vista perto da costa, a menos que seja arrastada por correntes ou tempestades.

Distribuição: Ocorre no Oceano Atlântico (incluindo Açores, Canárias, Madeira, e águas europeias e africanas) e no Mar Mediterrâneo. Em Portugal, tem sido avistada em várias praias do norte ao sul do país.

Comportamento: Frequentemente serve de proteção a alevins de peixes, como o carapau (Trachurus trachurus).


🧬 Classificação científica

Reino: Animalia
Filo: Cnidários
Classe: Scyphozoa
Ordem: Rizostomas
Família: Rhizostomatidae
Gênero: Rizostoma
Espécie: R. luteum

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