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💵 Cédulas do Comercio de Ponte de Lima (1917-1925)

Ao longo dos seus quase 900 anos de existência, Portugal viveu períodos sucessivos de instabilidade económica, política e financeira. A moeda, enquanto instrumento de troca, esteve sempre presente nas transações comerciais, acompanhando as transformações do País.

Portugal – Papel-Moeda da 1ª República 🪙

🧾 Contexto Histórico

Durante a 1ª República Portuguesa (1910-1926), o País enfrentou instabilidade política e económica, agravada pela participação na Grande Guerra. A elevada inflação e a escassez de moeda metálica obrigaram o Estado a introduzir medidas de emergência monetária.

💰 Em 22 de maio de 1911, o escudo tornou-se a unidade monetária, substituindo o real. Apesar de previstas moedas de ouro, como a peça de 5 escudos (1920), estas nunca entraram em circulação. A escassez de moedas de pequeno valor tornou indispensável a emissão de papel-moeda local, autorizada por câmaras municipais, Misericórdias e até privadas, limitado ao uso local dentro dos respetivos concelhos.


💵 Valores Emitidos pelos privados de Ponte de Lima

Estas emissões, embora tecnicamente ilegais, eram toleradas e aceites pelo Estado, circulando livremente como dinheiro. Surgia assim o chamado “dinheiro regional”.

Lima $01 Centavo (Pérola Limarense)

$05 Centavos (Pérola Limarense)

$02 Centavos (José Ramos da Silva Barros)

$10 Centavos (José Ramos da Silva Barros)

Estas moedas-papel apresentavam normalmente valores entre 1 e 5 centavos, embora existissem emissões de valor superior. Eram de pequeno formato, artisticamente elaboradas e produzidas em papel simples, tornando-se um elemento essencial da economia local.

$02 Centavos (João José da Costa)

$01 Centavo (Garagem Elegante)

$05 Centavos (Benjamim Alves)

$10 Centavos (João de Oliveira Brandão)

$04 Centavos (Francisco G. de Matos)

🏷️ Design e Características

As cédulas municipais da 1ª República possuíam:

  • Valor nominal destacado;
  • Nome do concelho emissor;
  • Design artístico simples, porém detalhado;
  • Fabricadas em papel resistente, para circulação local.

🔍 Embora ilegais em teoria, estas cédulas circulavam livremente e eram aceites como dinheiro.


📊 Um país transformado pelo papel-moeda

Este fenómeno ocorreu em cerca de 178 concelhos do País e marcou uma transformação profunda no sistema monetário nacional. Em apenas quatro décadas, Portugal passou de uma economia maioritariamente metálica para uma circulação quase totalmente fiduciária.

Se em 1890 mais de 90% das transações eram feitas em metal, em 1925 cerca de 99% da circulação fazia-se já em papel.


⏳ Circulação e Retirada

As cédulas municipais circularam entre 1917 e 1925. Proibidas em 1924, só desapareceram definitivamente após a revolução de 28 de maio de 1926, quando a emissão de moeda metálica de baixo valor se tornou suficiente.


👉 Importância Numismática

Estas cédulas são hoje muito valorizadas por colecionadores de notafilia portuguesa devido à sua:

  • Relevância histórica;
  • Representação da economia regional;
  • Design e conservação artística;
  • Escassez crescente de exemplares em bom estado.

Post dedicado à história do papel-moeda em Portugal durante a Primeira República.

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