O território onde actualmente se situa a vila de Barrancos foi conquistado aos Mouros em 1167, por Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador, e o repovoamento da área foi ordenado por D. Sancho I em 1200.
Vila de Barrancos |
A sede de concelho situava-se então na vila de Noudar, que só seria definitivamente incorporada no Reino de Portugal em 1295, ano em que lhe foi concedido foral por D. Dinis. A vila de Noudar foi extinta em 1825, iniciando-se então um lento processo de despovoamento, o que implicaria a transição da sede municipal para Barrancos.
Ponte sobre o Rio Murtega |
O Castelo de Noudar, no Alentejo, localiza-se na antiga vila de mesmo nome, freguesia e concelho de Barrancos, distrito de Beja, em Portugal.
À época da Reconquista cristã da península Ibérica, nomeadamente desde 1167, a região foi conquistada pelas forças comandadas por Gonçalo Mendes da Maia, "o Lidador". Posteriormente, em 1253, a povoação recebeu foral do rei Afonso X de Castela, juntamente com outras localidades da margem esquerda do rio Guadiana, entre as quais Moura e Serpa, integrando o dote de sua filha, D. Brites, aquando do seu casamento com D. Afonso III nesse mesmo ano.
A povoação passaria definitivamente para a Coroa portuguesa pelo Tratado da Guarda (1295), que estabelecia a paz entre D. Dinis (1279-1325) e Fernando IV de Castela. Em Dezembro desse mesmo ano, o soberano passou nova Carta de Foral à vila, cujos domínios foram doados posteriormente em 1303, à Ordem de Avis, com a condição de reconstruir o castelo, obras que ficariam concluídas em 1308, conforme duas inscrições epigráficas:
A primeira, datada de 1 de Abril de 1308, actualmente de paradeiro incerto, regista a actuação do Mestre de Avis, D. Lourenço Afonso, na fundação do castelo e no povoamento da vila;
A segunda, com bastantes dúvidas se terá sido redigida nesse mesmo ano, noticia a ação do comendador Aires Afonso na edificação da torre de menagem.
À época de D. Manuel I (1495-1521), encontra-se figurada por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509), onde se registra a existência de barbacãs circundando o castelo, ou seja, uma estrutura característica da arquitectura militar do século XV. A vila viria a receber do soberano, neste mesmo período, o seu Foral Novo (1513).
Muralhas de Noudar |
Da Guerra da Restauração da independência aos nossos dias
Sem que tivesse recebido obras de modernização, a povoação e seu antigo castelo estiveram na posse de tropas espanholas desde a Guerra da Restauração da independência portuguesa (1644), até à Guerra de Sucessão da Espanha (1707).
O Castelo de Noudar e seu distrito seriam restituídos a Portugal (juntamente com a Colónia do Sacramento, na América do Sul) pelo Artigo V do segundo Tratado de Utrecht em 6 de Fevereiro de 1715.
A vila de Noudar, seria extinta em 1825, iniciando-se então um lento processo de despovoamento, o que implicaria a mudança da sede municipal para Barrancos. No final do século, a edificação do castelo foi arrematada em hasta pública por um particular, João Barroso Domingues, importante proprietário de Barrancos, em 1893.
As suas ruínas encontram-se classificadas como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23 de Junho de 1910.
Igreja da Nossa Senhora do Desterro |
A intervenção do poder público fez-se sentir na década de 1980 por trabalhos de prospecção arqueológica sob a direcção de Cláudio Torres, quando se procedeu à reconstrução da Igreja e de duas edificações, empregando-se as técnicas primitivas de construção, tendo sido apenas em 1997 que a autarquia conseguiria adquirir o monumento, desenvolvendo-se a partir de então, um novo projecto de investigação arqueológica que revelou testemunhos da presença islâmica no local.
Rio Ardila |
Características
O castelo apresenta uma planta hexagonal, de eixo longitudinal noroeste-sudeste, onde se definem dois espaços: o da alcáçova e o da cerca da vila.
O primeiro é dominado pela torre de menagem, de planta quadrangular, com cerca de 18 metros de altura, coroada por ameias, defendendo a entrada do recinto. Possui duas portas de acesso a pavimentos distintos e, em seu interior, no segundo pavimento acessível através de uma escadaria de pedra, abre-se uma cisterna. De acordo com a iconografia de Duarte de Armas (c. 1509), o seu interior era abobadado e provido de mais um aposento superior. Ainda na Alcáçova, junto à torre de menagem, uma segunda cisterna, esta quatrocentista, apresenta arcos sustentando a abóbada.
A cerca amuralhada é reforçada por uma dezena de torres e cubelos adossados, o principal dos quais protegendo a Porta da Vila. Em seu interior destacam-se a Igreja da Nossa Senhora do Desterro, reconstruída na década de 1980 e a Casa do Governador.