Nau é denominação genérica dada a navios de grande porte que foi muito utilizada em meados do século XV e XVI. Devido à pirataria que assolava a costa portuguesa e ao esforço nacional de criação de uma armada para as combater, as naus redondas passaram a ser utilizadas também na marinha de guerra. Nesta altura, foram introduzidas as bocas-de-fogo, que levaram à classificação das naus segundo o poder de artilharia: naus de três pontas (100 a 120 bocas) e naus de duas pontas e meia (80 bocas). A capacidade de transporte das naus redondas também aumentou, alcançando as duzentas toneladas no século XV, e, as quinhentas, no século seguinte.
Nau "São Gabriel" (1497-1499)
A nau São Gabriel serviu como nau-capitânia da armada de Vasco da Gama durante a sua primeira viagem na Descoberta do caminho marítimo para a Índia, que aconteceu no período de 1497-1499.
Modelo da Nau São Gabriel |
Até hoje paira uma grande dúvida sobre a célebre nau São Gabriel. Esta nau, que foi a embarcação-capitânia (nau de comando) da pequena frota de Vasco da Gama, foi utilizada por Pedro Álvares Cabral para comandar a frota que veio ao Brasil em 1500? A resposta é: tudo parece indicar que sim.
Características técnicas
Deslocamento: 120 toneladas
Dimensões: 31 m comp.; 9,80 m boca; 4,4 m calado
Propulsão: Vela
Armamento: 20 Bombardas
Guarnição: 70 marinheiros
Nau "São Rafael" (1498-1499)
A nau São Rafael foi construída pelo mesmo estaleiro e ao mesmo tempo para o mesmo fim da nau São Gabriel e as suas dimensões eram semelhantes.
Nau São Rafael |
A nau São Rafael foi queimada ao largo de Mombaça, no local que ficou conhecido por baixos de São Rafael.
Nau "Esmeralda" (1498–1503)
A Esmeralda foi uma nau portuguesa, que pertencia à Carreira da Índia e estava incluída na 2ª armada de Vasco da Gama. Terá naufragado em maio de 1503, matando todos os tripulantes a bordo ao largo da ilhas de Curia Muria.
Nau Esmeralda |
Nau "El-Rey" (1500-1501)
A El-Rei, ou El-Rey, na grafia quinhentista portuguesa, foi uma nau da Carreira das Índias que fez parte da 2ª Armada da Índia comandada por Pedro Álvares Cabral, que partiu de Lisboa a 9 de Março de 1500, com mais treze naus e 1 500 homens. A frota cruzou a Linha do Equador a 9 de abril e navegou rumo a oeste afastando-se o mais possível do continente africano, utilizando uma técnica de navegação conhecida como a volta do mar. Os marujos avistaram algas-marinhas no dia 21 de abril, o que os levou a acreditar que estavam próximos da costa. Provou-se estarem certos na tarde do dia seguinte, quarta-feira, 22 de abril de 1500, a tripulação da nau El-Rei, avista o Brasil e ancoram na costa do Monte Pascoal.
Depois da chegada a Calecute a 13 de setembro, e depois da instalação da feitoria e do seu posterior ataque (16 ou 17 de Dezembro), a nau El-Rei também participa no bombardeamento da cidade de Calecute. Por fim, carregada de especiarias, a frota foi para Cananor, a fim de comerciar uma vez mais antes de partir em sua viagem de retorno a Portugal em 16 de janeiro de 1501. Chegando a Armada à região de Quiloa, a nau El-Rei foi vítima de ventos, o que alterou o seu rumo, e fez com que encalhasse num baixio, perto da costa de Melinde. Depois do embate, Sancho de Tovar ordenou que a nau fosse abandonada, salvando-se a tripulação. A nau El-Rei foi então incendiada para não cair nas mãos dos muçulmanos.
Características técnicas
Deslocamento: 200 toneladas
Propulsão: Vela
Guarnição: 160 marinheiros
Nau "Santa Catarina do Monte Sinai" (1500-1528)
A nau Santa Catarina do Monte Sinai foi construída em Cochim, no Estado Português da Índia, e lançada ao mar em 1500, foi um dos mais poderosos navios de guerra do seu tempo.
Nau Santa Catarina do Monte Sinai |
Características técnicas
Deslocamento: 800 toneladas
Dimensões: 38 m comp.; 13 m boca
Propulsão: Vela
Armamento: 140 peças de artilharia
Nau "Nau Flor do Mar" (1502-1511)
Construída nos estaleiros da Ribeira das Naus em Lisboa, a Flor do Mar foi uma das mais avançadas embarcações da sua época, integrando a Carreira das Índias.
Réplica da nau "Flor de la Mar" no Museu Marítimo da Malásia |
Características técnicas
Deslocamento: 400 toneladas
Dimensões: 36 m comp.; 8 m boca
Propulsão: Vela
Nau "Madre de Deus" (1589-1592)
A nau Madre de Deus foi o maior navio do mundo no seu tempo, construída na Ribeira das Naus em Lisboa em 1589, para a Carreira da Índia
Modelo da Nau Madre de Deus |
Características técnicas
Deslocamento: 1600 toneladas
Dimensões: 50 m comp.; 14,5 m boca
Propulsão: Vela
Guarnição: 700 marinheiros
Nau "N.S. do Rosário" (1647)
Nau que em 1647 largou para o Brasil na Armada do Conde de Vila Pouca de Aguiar. Neste período, Portugal estava em guerra declarada contra a Holanda, apelidado por alguns de a "primeira guerra mundial".
Nau N.S. do Rosário |
A nau Nossa Senhora do Rosário" navegava em mar aberto quando dois galeões holandeses avançam para cortar o caminho do enorme navio português. Eles cercam o poderoso "Nossa Senhora do Rosário" e prendem os navios preparando-se para abordar o Galeão. O capitão português toma uma decisão importante. Ordenou que se ateasse fogo ao convés de munições, explodindo o seu próprio navio numa bola de fogo gigante. Apenas nove marinheiros sobreviveram. O navio holandês "Utrecht" foi apanhado na explosão e desapareceu no oceano naquele instante . O navio holandês "Nassau" foi terrivelmente danificado e toda a tripulação abandonou o navio.