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Armada Real Portuguesa: Corvetas (1821-1858)

Corveta "Urânia" (1821-1852)
A corveta "Urânia" foi construída na Baía em 1821, por Manuel Costa. Em 1823 passou a chamar-se "Urânia", tendo sido antes "Dez de Fevereiro". A corveta andava de bolina e era bom navio de barlavento; com vento e mar atirava bastante de popa à proa; e à popa era de pouco andar.
Corveta "Urania"
Em 1822 a corveta foi incluída na Esquadra de cruzeiro da Baía, com a missão de proteger a Baía contra qualquer reacção de D. Pedro. Na Baía foi incluída numa fracção da Esquadra de João Félix, cujo objectivo principal era a protecção da expedição dos cinco batalhões esperada de Lisboa. Em 1823 largou da Baía, incluída na força de João Félix Pereira e Campos que dava comboio aos navios que conduziam as tropas do Brigadeiro Madeira a Portugal. Em Outubro de 1823, largou para os Açores, conduzindo o Capitão-general Francisco de Borja Garção Stockler e uma força de 500 soldados. Em 1826 efectuou comissão a Argel com escala por Gibraltar e efectuou uma expedição à Madeira incluída na Esquadra do Almirante Sousa Prego. Em 1829 largou para os Açores, integrada numa fracção da expedição do Almirante Rosa Coelho. Em Agosto de 1829 encontrou-se no bloqueio da Terceira. Em 1830 assumiu o comando do bloqueio da Terceira. Em Junho de 1831, a corveta "Urânia" foi apressada e enviada para Brest. O navio foi resgatado em 1837 e chegou a Lisboa em Maio de 1838. Em Outubro de 1838, saiu para Angola, conduzindo o Governador-geral.
Desde 1843 até 1846, serviu na Estação Naval da África Ocidental. Em 1846 regressou à metrópole. A corveta ainda desempenhou outras missões, nomeadamente, fiscalizou a costa algarvia para impedir o desembarque clandestino de pessoas e carga, cruzou por várias vezes a costa de Portugal e a costa de Angola e, apresou navios negreiros.
Em 10 de Dezembro de 1852 foi vendida por inútil.
Características técnicas
Dimensões: 35,36 m comp.; 9,14 m boca; 7,62 m calado
Armamento: 24 peças
Guarnição: 161 marinheiros

Corveta "D. João I" (1828-1874)
Foi construída em Damão, em teca, por Jadó Simogi, pelo risco da corveta "Infante D. Miguel", aproveitando os materiais do desmancho desta corveta e lançada ao mar em 9 de Outubro de 1828. Tinha boas qualidades náuticas.
Corveta "D. João I" na Estação Naval de Macau
O navio entrou em Goa a 28 de Novembro de 1828. Em 1830, largou de Goa para Lisboa, conduzindo o ex-Governador de Macau. Em 1831, a corveta foi tomada pelo governo francês ao mando do Almirante Roussin, sendo resgatada em 1834. Nesse ano, largou para Sardenha, com uma missão diplomática a favor do Governo Liberal. Em 1836, navegou para os Açores com carta de prego. Em 1839, saiu para cruzeiro nas ilhas. Em 1840, levantou ferro do Funchal para o Maranhão, com a missão de proteger os portugueses ali residentes. Em 1840, saiu para o Algarve para conduzir o Batalhão de Infantaria 8. Em 1841, largou para os Açores, com a missão principal de reprimir o contrabando. Do Faial partiu para o Rio de Janeiro, em Outubro de 1841, o objectivo era reforçar a Estação Naval Portuguesa na América do Sul. Em 1842, saiu para a Estação Naval de América do Sul, no intuito de proteger os interesses de Portugal naquelas terras.
Em 1847, levantou ferro para a Madeira e Açores, para apoiar as novas autoridades nomeadas pela Rainha após a assinatura da Convenção de Gramido. Em 1849, largou para o Brasil, conduzindo o ministro plenipotenciário de Sua Majestade à Corte do Rio de Janeiro e sua família. Em 1850, largou do Rio de Janeiro para Macau, conduzindo o novo Governador Capitão-de-mar-e-guerra Pedro Alexandrino da Cunha. Em Janeiro de 1851, a "D. João I" largou de Macau para Hong-Kong, conduzindo o novo Governador, Capitão-de-mar-e-guerra Francisco António Gonçalves Cardoso. Em 1852, partiu integrada no séquito naval da Duquesa de Bragança, à ilha da Madeira. No ano seguinte, levantou ferro para Macau com escala pelo Cabo da Boa Esperança e Timor. Em 1854, conduzindo o Governador da província e o ministro plenipotenciário francês, largou de Macau para Ning-Pó, fazendo escala por Hong-kong e Amoy. Em Julho de 1854 a corveta travou combate com os piratas chineses com completo êxito. Em 1860, o navio preparou-se para desempenhar uma missão importante - conduzir a seu bordo o Capitão-de-mar-e-guerra Isidoro Francisco Guimarães, Governador de Macau, ao Japão, a negociar um tratado de paz, amizade e comércio com os japoneses. Em 1861, largou em segunda viagem ao Japão, com escala por Xangai, para se proceder ali à ractificação do tratado do comércio luso-japonês. Devido ao mau tempo não chegou ao seu destino. Em 1864, partiu do Tejo conduzindo guarnições para canhoneira "Maria Ana" e a escuna "Barão de Lazarim" navios que se encontravam em Moçambique. Em 1865, realizou uma viagem de instrução aos arquipélagos dos Açores e Madeira. Em 1866, saiu para a Estação Naval de Angola, conduzindo o Governador-geral de Angola. Em 1869, largou a fim de reforçar a Estação Naval de Macau, durante a travessia o navio sofreu uma violenta tempestade que apenas o seu Comandante Tomás Andreia evitou o pior. Em 1871, realizou um cruzeiro nos Açores, com a missão de evitar a emigração clandestina. Em 1872, largou, por duas vezes, de Lisboa para a viagem de instrução e cruzeiro nos Açores. Em 1873, efectou um cruzeiro na costa de Angola.
Por Portaria de 30 de Abril de 1874 passou ao estado de desarmamento. Em 10 de Dezembro de 1877, a corveta servia de depósito de pessoal da Estação Naval de Angola. Em 1892 ainda existia encalhada na ilha de Luanda, mas já sem mastreação.
Características técnicas
Deslocamento: 516 Toneladas
Dimensões: 45,54 m comp.; 10,56 m boca; 6,27 m calado
Armamento: 2 peças de bronze de calibre 18, 1 peça de bronze de calibre 3, 16 caronadas de ferro de calibre 32; armamento portátil - 60 espingardas de fuzil, 20 pistolas de fuzil, 4 bacamartes de canos de bronze, 45 espadas e respectivos cinturões, 60 baionetas e respectivos cinturões, 20 chuços, 90 cartucheiras de cinto
Guarnição: 161 marinheiros

Corveta "Oito de Julho" (1834-1856)
Foi construída no Arsenal da Marinha em Lisboa e lançada à água em Julho de 1834. Foi o primeiro navio português com popa militar. Era rijamente construída, de muita praça e fraca tonelagem. Fácil de manobrar e bonanceira.
Corveta "Oito de Julho"
Em Maio de 1840, partiu para o Rio de Janeiro, com escala pelo Funchal. Conduzia o ministro Plenipotenciário Conselheiro Bayard, família e empregados, junto à Corte do Rio de Janeiro. Em Setembro desse ano, zarpou de Montevideu para a Estação Naval de Angola. Em 1841, largou, por duas vezes, para cruzeiro na costa norte e nas águas de Luanda; efectuou comissão, respectivamente, em Benguela e Dande e conduziu passageiros e carga, tendo entrado em Novo Redondo, Benguela e Moçâmedes. Em 1842, fundeou em Cabinda. O filho do Príncipe Mafuca Franco esteve a bordo do navio. Em Julho desse ano a corveta entrou em Luanda a ali soube que a Carta Constitucional de 1826 fora restaurada. O juramento da Carta foi feito a bordo da corveta em 15 de Julho de 1842. Em 1843 efectuou comissão a Benguela e Moçâmedes, tendo fundeado no Lobito e em Moçâmedes, entrou em Benguela e ainda regressou à metrópole. Em Outubro de 1846 achou-se no bloqueio da barra do Douro, com a missão de impedir a saída dos vapores da Junta Revolucionária. Em Março de 1847 saíu para o bloqueio do Porto com outros navios. Quando, se encontrava , próximo da terra entre Matosinhos e Mindelo, revoltou-se a guarnição da corveta e entregou o navio à Junta do Porto. As Forças Navais Aliadas, em Maio de 1847, apresaram à saída da barra do Douro os navios da Junta, entre os quais a corveta "Oito de Julho". Mais tarde, em Junho de 1848, zarpou para a Estação Naval Portuguesa da Costa Ocidental de África. A corveta conduzia passageiros, entre os quais o Governador-geral de Cabo Verde. Em Outubro de 1849 navegou para o sul com escala pelo Ambriz. Fundeou em Benguela e no Lobito. Em Dezembro desse ano, partiu de Luanda a cruzar na costa norte. Fundeou em Ambriz e deu fundo no Zaire. Em Fevereiro de 1850 efectou comissão a S. Tomé. Depois em Julho, navegou de Luanda para cruzeiro na costa sul. Em Janeiro de 1851, partiu com tropa para Benguela. Em Fevereiro desse ano, partiu de Luanda e foi fundear em Dande pouco depois; passou no Ambriz e Ambrizete e entrou em S. Tomé, conduzia o Governador de S. Tomé e Príncipe. Em Maio de 1851 navegou de Luanda para o sul; passou por Benguela, Egito, Lobito, Quicombo e Benguela. Em Fevereiro de 1852 zarpou para S. Tomé, para desempenhar comissão a Ajudá. Em Setembro desse ano regressou à metrópole, com escala por S. Tomé.
Em Novembro de 1855, passou ao registo do porto. Terminou o serviço de registo em Outubro de 1856. À volta de 1856, foi desarmada e considerada inútil.
Características técnicas
Deslocamento: 516 Toneladas
Dimensões: 36,27 m comp.; 9,21 m boca; 3,66 m calado
Armamento: 24 peças
Guarnição: 161 marinheiros

Corveta "Porto" (1848-1858)
Foi construída no Porto por Bernardino Joaquim de Azevedo. Era cavilhada, pregada de bronze e levava 22 tanques quadrados e 22 acutelados que comportavam aguada para 180 dias, para 180 homens. O navio tinha excelentes qualidades náuticas, andava bem e não puxava pelos cabos.
Corveta Porto
Em Novembro de 1849, chegou a Lisboa vindo do Porto. Em Julho de 1851, zarpou para a Madeira e Cabo Verde, conduzindo passageiros entre os quais o Governador daquela província e sua família. Em Abril de 1852, largou para a barra do Porto onde ficou às ordens da Rainha. Em Agosto de 1853, saiu para viagem de instrução de Aspirantes ao Mediterrâneo. Passou por Cádis, Caracas, Gibraltar, Cartagena, ilhota Scombrera, Barcelona, entre outros. Em Dezembro de 1853 navegou para a Madeira, Cabo Verde e Guiné, conduzindo correspondência oficial. Em Junho de 1854 conduziu para o Funchal o Governador da Madeira e sua família.
Em Janeiro de 1855 desarmou para fabricos. Em Janeiro de 1858 incendiou-se na Azinheira, pelo que foi desarmada e abatida ao Efectivo dos Navios da Armada.
Características técnicas
Deslocamento: 516 Toneladas
Dimensões: 37,49 m comp.; 10,83 m boca; 5,79 m calado
Armamento: 18 peças de ferro e 2 peças de bronze
Guarnição: 210 marinheiros

1 comentário:

Karf, Carlos da Fonseca disse...

Amo esta Baía, para mim uma das mais lindas de Portugal.