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🪶 Família Ardeidae – As garças e socós, companheiros das águas

Elegantes, pacientes e quase sempre silenciosas, as aves da família Ardeidae — conhecidas como garças e socós — são símbolos de serenidade nas margens de rios, lagoas e sapais. Com o seu voo lento e pescoço em forma de “S”, tornam-se facilmente reconhecíveis, mesmo à distância.


O que são os Ardeideos?

Os ardeídeos pertencem à ordem Pelecaniformes e incluem mais de 60 espécies distribuídas por todos os continentes, com exceção das regiões polares. Em Portugal e nos Açores, várias espécies podem ser observadas durante todo o ano ou em passagem migratória, sempre associadas a ambientes aquáticos.


💧 Características gerais

Os ardeídeos são aves de corpo esguio, pernas longas e bico reto e pontiagudo — um verdadeiro arpão para capturar peixes e outros animais aquáticos.

  • Pernas compridas — permitem andar em águas pouco profundas.
  • Bico afiado — usado para espetar ou agarrar presas com precisão.
  • Pescoço em “S” — flexível, serve como mola para atacar rapidamente.
  • Voo lento e elegante — com o pescoço recolhido (ao contrário das cegonhas).

Alimentam-se principalmente de peixes, mas também de sapos, insetos, crustáceos e pequenos répteis. Caçam de forma paciente, permanecendo imóveis até o momento certo de desferir o golpe certeiro.


Garça-real (Ardea Cinerea)

Garça-real (Ardea Cinerea)

A garça-real (Ardea cinerea) é uma das espécies mais comuns e fáceis de observar em Portugal. Grande e cinzenta, com pescoço longo e bico amarelo. É comum em quase todo o país. Pode ser vista solitária, imóvel, à espera de um peixe desatento.


🌍 Distribuição e habitats

Estas aves vivem em zonas húmidas: lagoas, estuários, sapais, arrozais e margens de rios. Nos Açores, podem ser observadas sobretudo em zonas costeiras calmas, portos, lagoas interiores e campos alagados após chuva intensa.

Algumas espécies são residentes, outras migradoras, que visitam Portugal e as ilhas durante o verão ou o inverno.


Garça-branca-pequena (Egretta thula)

Garça-branca-pequena (Egretta thula)

A garça-branca-pequena (Egretta garzetta) é elegante e de plumagem branca imaculada, distingue-se pelos dedos amarelos e bico preto. Frequenta sapais, lagoas e estuários. Durante o voo, as patas amarelas são visíveis, contrastando com o corpo branco.


🧬 Classificação científica

Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Pelecaniformes
Família: Ardeidae

Garça-vaqueira (Bubulcus ibis)

Garça-vaqueira ou Garça-boieira (Bubulcus ibis)

A Garça-vaqueira (Bubulcus ibis) é mais pequena e robusta, acompanha frequentemente o gado em pastagens, alimentando-se de insetos perturbados pelos animais. É cada vez mais comum nos Açores e em Portugal continental.


Garça-vermelha (Ardea purpurea)

Menos comum, mas espetacular: de tons arroxeados e castanhos, prefere zonas de caniçal e vegetação densa. É uma espécie migradora que visita Portugal na primavera e verão.

Noitibó-cinzento ou Socó-dorminhoco (Nycticorax nycticorax)

De hábitos noturnos, tem corpo compacto e olhos vermelhos. Nos Açores, pode ser observado ao entardecer, voando baixo sobre as lagoas em busca de alimento.


🤔Curiosidades

  • Durante o voo, as garças recolhem o pescoço — ao contrário das cegonhas, que o mantêm estendido.
  • As garças-vaqueiras espalharam-se pelo mundo em poucas décadas, acompanhando o gado doméstico.
  • Nos Açores, a garça-real é um predador importante de peixes exóticos em lagoas artificiais.
  • O nome “ardeídeo” vem do latim ardea, que significa “garça”.


🌱 Conservação

Portugal integra várias áreas protegidas e zonas Ramsar (como o estuário do Tejo e a Ria Formosa), que servem de refúgio para estas aves. A observação responsável e a conservação das zonas húmidas são essenciais para garantir o seu futuro.


💬 Para terminar…

Os ardeídeos são verdadeiros guardiões das águas: discretos, pacientes e belos na sua simplicidade. Observar uma garça ao entardecer, refletida num espelho de água, é uma das experiências mais serenas que a natureza portuguesa e açoriana pode oferecer.


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