🐦⬛ Família Corvídeos – Entre as Asas Negras e os Brilhos Metálicos
Silenciosos, vigilantes e muitas vezes subestimados — os membros da família Corvidae espalham‑se por campos, florestas, falésias e zonas agrícolas do nosso país. Desde o brilho intenso das asas da pega‑Rabuda até ao voo acrobático da gralha‑de‑bico‑vermelho, estas aves revelam não só uma beleza subtil mas também comportamentos fascinantes: omnívoras, oportunistas e inteligentes.
Pega‑rabuda (Pica pica)
A Pega‑rabuda é talvez uma das mais reconhecíveis entre os corvídeos: com corpo branco e preto, cauda longa e reflexos azul‑esverdeados sob boa luz. Em Portugal está presente de norte a sul (embora menos abundante no sul profundo).
| Pega‑rabuda (Pica pica) |
- Habitat: Zonas agrícolas com árvores ou arbustos, parques suburbanos, jardins.
- Alimentação e comportamento: Altamente omnívora — insetos, pequenos vertebrados, cereais, restos humanos. Armazena comida excedente.
- Curiosidade: A cauda comprida e o contraste preto‑branco tornam‑na muito fotogénica. Pode surgir em zonas periurbanas, o que a torna acessível para observação.
Pega‑Azul (Cyanopica cooki)
A Pega‑Azul ou pega‑azul‑ibérica distingue‑se pela tonalidade azul‑ciano das asas e da cauda, corpo mais claro e cabeça escura. Em Portugal ocorre sobretudo em zonas de influência mediterrânica, interior e sul.
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| Pega‑Azul (Cyanopica cooki) |
- Habitat: Matos de sobreiro/azinheira, olivais, pomares e hortas — ambientes típicos do interior português.
- Alimentação: Insetos durante a primavera/verão; bagas e sementes no outono.
- Curiosidade: Costuma formar bandos no inverno e é menos vulgar nas regiões mais setentrionais. A cor azul‑ciano das asas faz a bastante distinta mesmo à distância.
Gralha‑cinzenta (Corvus cornix)
A Gralha‑cinzenta é uma espécie de distribuição essencialmente nórdica/oriantal.
| Gralha‑cinzenta (Corvus cornix)em trondheim (Noruega) |
- Identificação: Dorso e partes inferiores acinzentadas contrastando com asas, cabeça e cauda pretas.
- Onde apareceria: Se surgir, seria como visitante raro ou vagrante — uma “surpresa” para quem observa aves.
- Curiosidade: O facto de ser tão rara em Portugal torna‑a um bom “alvo” para observadores experientes que queiram registos excepcionais.
Gralha‑preta (Corvus corone)
A Gralha‑preta é relativamente comum por todo o país (com algumas excepções no sul profundo), habita muitos tipos de zonas — agrícolas, florestais, periurbanas — e é facilmente observável.
| Gralha‑preta (Corvus corone) |
- Habitat: Áreas agrícolas, charnecas, bosques abertos, próximo de lixeiras ou zonas onde possam aproveitar restos.
- Alimentação: Omnívora, não se restringe a restos — inclui invertebrados, ovos, pequenos vertebrados, cereais.
- Curiosidade: Apesar da plumagem toda preta, observa com atenção o bico e a postura — muitas vezes pode ser confundida com o “corvo‑comum”. Para o observador, é uma espécie “fácil” e útil para começar a compreender corvídeos.
Gralha‑de‑bico‑vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax)
A Gralha‑de‑bico‑vermelho é uma das aves mais carismáticas e ao mesmo tempo vulneráveis da nossa fauna. Corpo negro, bico e patas vermelhos vivos, voo acrobático e vocalizações metálicas — tudo nela se destaca. Em Portugal é rara e localizada.
| Gralha‑de‑bico‑vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) em Monsaraz |
- Habitat: Falésias costeiras, áreas montanhosas rochosas, vales fluviais escarpados.
- Estado de conservação: Populações em regressão; vulnerável devido à mudança nos usos agrícolas e abandono das práticas tradicionais.
🧬 Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Passeriformes
Família: Corvidae
💡Conclusão
Os corvídeos, muitas vezes ignorados ou vistos como comuns, são na verdade peças centrais dos ecossistemas: agentes de limpeza, oportunistas inteligentes, e indicadores de habitat. Algumas espécies são comuns e adaptáveis (como a gralha‑preta), outras são raras e revelam muito sobre a saúde dos nossos espaços naturais (como a gralha‑de‑bico‑vermelho).
Se vais para o campo, bosque ou zona agrícola, fica atento: uma asa brilhante de azul‑ciano, um bico vermelho ao sol, ou mesmo o “craaak” metálico vindo de uma falésia podem revelar‑te uma destas aves incríveis. E se as vês, agradece‑lhes a existência — porque proteger os habitats delas (árvores de fruto, falésias, matos mediterrânicos, culturas tradicionais) é também preservar parte da nossa natureza viva.
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