O complexo militar da Trafaria (5ª Bateria) compunha-se pelo Forte da Trafaria, junto ao rio Tejo, o reduto da Raposeira equipado com 3 peças Krupp de 150mm de curto e médio alcance para uma defesa de proximidade e o reduto de Alpena, ambos instalados no alto do morro de São João da Caparica, ligados por uma estrada militar. Este complexo militar destinava a proteger o interior da barra do Tejo e a entrada do porto marítimo de Lisboa (reduto da Raposeira), e a frente atlântica contígua à zona sul da entrada da barra (reduto da Alpena).
As baterias de Alpena e da Raposeira (actualmente abandonadas) são construções militares de 1893. A construção da estrada militar data de 1890.
Forte N. Senhora da Saúde erigido sob o reinado de Pedro II de Portugal, em meados de 1683. |
Reduto da Raposeira (inicialmente baptizado como “Bateria do Infante D. Manuel“) |
A bateria da Raposeira estabeleceram-se na proximidade do antigo Forte da Vigia, em plano mais elevado, a Leste.
As peças de artilharia instaladas permitiam fogos de apoio à 4ª Bateria (Forte do Bom Sucesso) e Forte do Bugio pelo reduto da Raposeira e bater as praias da Costa da Caparica e apoio ao Forte do Bugio pelo reduto de Alpena.
Peça Krupp de 150mm CTR (Reduto da Raposeira) |
Cada peça de artilharia pesava perto de 7.600 Kg e disparavam projécteis de 45,3 Kg, com precisão até 20 Km de distância, e tinham uma cadência de quatro tiros por minuto. Necessitava de uma equipa de 9 homens para ser manuseada, eram um chefe que estava encarregado de a disparar, e oito serventes que alimentavam as ávidas e famintas bocas de fogo.
Reduto de Alpena (inicialmente baptizado como “Bateria do Infante D. Pedro“). |
Trafaria ainda vivem na memória os exercícios de tiro da bateria da Artilharia Costa nº 5, instalada no alto da Raposeira. “Os militares avisavam-nos quando faziam tiros para os alvos no mar. Diziam-nos para deixarmos as janelas abertas, porque os vidros podiam partir-se com a trepidação”, conta Carlos Alberto da Silva, de 75 anos, dono de uma óptica no centro da Trafaria.
Nesses tempos, os militares da Artilharia de Costa e do Batalhão de Informação e Segurança Militar davam vida à terra, mas há muito que as fardas verdes deixaram de ser vistas por ali. Subindo o monte da Raposeira, o cenário é desolador. Das antigas instalações militares – que foram desocupadas no início dos anos 1980, mas onde houve um último exercício de tiro em 1990 – restam as ruínas dos edifícios construídos no final do século XIX. O lixo acumula-se por todo o espaço, as paredes estão cobertas de graffitis.
A Bateria da Trafaria foram definitivamente abandonadas pelo Exército por volta de 1996. O sítio encanta pelas vistas deslumbrantes para a foz do Tejo e as praias da Caparica, mas a propriedade ainda pertence ao Exército.