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BNU: As "Ritas contra Chamiços" Angola (1921-1929)

Duas emissões de papel-moeda lançados entre os anos de 1921 e 1926, em Angola, um período entre guerras de grandes dificuldades económicas e caos financeiro.
Emissão Chamiço 1$00 Escudo (Banco Nacional Ultramarino)
Os anos entre 1921 e 1926, em Angola, foram um período entre guerras de grandes dificuldades económicas e caos financeiro. Tal condicionou as alterações monetárias que levaram à perda da função emissora do Banco Nacional Ultramarino nesse território e à criação do Banco de Angola, como novo agente emissor e exclusivo para essa então colónia portuguesa.
Emissão Chamiço 2$50 Escudos (Banco Nacional Ultramarino)
O General José Norton de Mattos foi Alto Comissário de Angola entre 1921 e 1923. Durante o seu cargo, foi sua pretensão implementar moeda privativa para Angola e retirar o exclusivo da emissão de papel-moeda ao BNU. Para tal, recorreu a legislação outorgada pelo próprio, e publicada pelo Ministério das Colónias, que permitiu que, no primeiro ano do seu mandato, o Governo colonial pudesse emitir cédulas e determinou que as do BNU, que estavam em circulação, fossem retiradas até dezembro de 1922. As ‘Cédulas do Alto Comissário de 1921’, no valor facial de 50 Centavos, tiveram um montante elevado de emissão: 60.000 cédulas. Os seus lucros e prejuízos eram revertidos e suportados pelo Estado. Ao mesmo tempo, em 23 de julho de 1922, o Alto Comissário renegociou o contrato celebrado com o BNU de modo a obrigar este último a substituir as notas em curso por uma nova emissão privativa para Angola.
Emissão Alto Comissario $50 Centavos (Governo Provincial)
Estas medidas foram tomadas porque, no entender do Governo colonial na altura, a carência de meios de troca sentida e que afetava o comércio local, devia-se ao insuficiente lançamento de papel-moeda por parte do BNU. No entanto, num relatório do Governador do BNU (João Henrique Ulrich), aos acionistas, em 1924, constata-se que o stock de notas tinha reservas, e por isso, não seria justificação para a escassez de numerário. Este dever-se-ía antes aos créditos, a que se recorria e que se concediam desregradamente. A problemática dos créditos, exercida pelo BNU no período 1922-24, decorria do facto de aqueles serem concedidos na forma de descontos e contas correntes para uma população e classe empresarial que, apesar de rica, ao nível das transações comerciais, tinha falta de capitais próprios.
Emissão Chamiço 5$00 Escudos (Banco Nacional Ultramarino)
Por esse motivo, a concessão de créditos e o numerário circulante criaram a insegurança nos imensos gastos da população, assentes em créditos pouco sustentáveis. Por conseguinte, o BNU, à data do referido relatório, começou a refrear a autorização de créditos. No entanto, antes disso, durante a segunda metade de 1922, o BNU lançou a ‘Emissão Chamiço’, com o objetivo de aumentar a circulação fiduciária. 
Emissão Chamiço 10$00 Escudos (Banco Nacional Ultramarino)
Nesta emissão, que circulou também em outras ex-colónias africanas, a chapa de gravação estava desenhada de tal forma, que o campo relativo à filial, podia ser carimbado posteriormente à impressão com o nome da respetiva ex-colónia. Obteve o seu nome por ter nela representada a efígie de Francisco de Oliveira Chamiço, fundador e primeiro governador do BNU. Para além disso, apresentava pela primeira vez, o novo selo com o nome do banco e o lema “Colónias, Commercio, Agricultura” a envolver a imagem de um vapor. 
Emissão Chamiço 20$00 Escudos (Banco Nacional Ultramarino)
O desenho das notas era igual para todos os valores faciais (100, 50, 20, 10, 5, 2 Escudos e 50 Centavos e 1 Escudo), apenas com diferenças nas dimensões. Foram notas que tiveram uma boa aceitação por parte da população, sendo inclusive apelidadas de “chamiços”. O Alto Comissário de Angola, com base em relatórios de ausência de trocos em vários distritos, autorizou segunda emissão de cédulas de 50 Centavos no início de 1923 e simultânea recolha das que estavam em curso, por forma a custear o lançamento da nova emissão. Estas cédulas foram produzidas pela Waterlow & Sons Ltd.. Contrariamente, a ‘Emissão Chamiço’ foi gravada na concorrente inglesa da Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd. e na Thomas de la Rue & Co. Ltd. – esta última somente para os valores de 2 Escudos e 50 Centavos. 
Emissão Alto Comissario $50 Centavos (Governo Provincial)
A qualidade de impressão das ‘Cédulas do Alto Comissário de 1923’ e do seu desenho, apresentavam um resultado final mais definido, enquanto introduz no papel-moeda para Angola a temática do relacionamento inter-racial com a representação de autóctones (temática que foi mais tarde recuperada nas notas do Banco de Angola). Convencionou-se chamar “ritas” a estas cédulas uma vez que era voz corrente que a figura que representava a República, na Frente da cédula, era a filha do General Norton de Mattos, de seu nome precisamente Rita. Tal como na primeira emissão de cédulas, repetem-se aqui os motivos do Classicismo, com as colunas e a República sentada a segurar uma láurea, bem como as sugestões ao comércio marítimo através da representação de uma doca. O Verso apresenta uma pintura com o episódio da chegada de Diogo Cão a Angola, como referência à história da sua colonização. A entrada em circulação destas duas Emissões – “chamiços” e “ritas” – e o aumento dos seus volumes de circulação, inundaram o mercado de papel-moeda. Apesar disso, numa portaria de 1 de agosto de 1923, os limites foram novamente aumentados.
Emissão Chamiço 50$00 Escudos (Banco Nacional Ultramarino)
Este cenário, em conjunto com o descontrolo ao nível dos créditos, conduziu ao aumento da inflação e, consequentemente, ao custo de vida em Angola, para condições insustentáveis nos finais de 1923. O volume de numerário em circulação era agravado com a predominância das cédulas “ritas”, o que implicava a morosidade nas trocas comerciais e aumentava os riscos de erros nas contagens. Para debilitar ainda mais a situação, os “chamiços” tornavam-se cada vez mais raros, sendo retidos pelos particulares, dando origem ao que, nessa altura, se apelidou de «uma luta entre notas» em que as “ritas”, em maior número, derrotaram os “chamiços” no «campo de batalha» (Pedro Muralha, in Terras de África: S. Tomé e Angola, 1924). Permaneciam assim, as primeiras, que eram consideradas por muitos habitantes e referidas nos jornais da época, como «uma praga de ritas». As cédulas “ritas” foram concebidas para facilitar os pequenos trocos, mas estavam a ser utilizadas para pagar a grande maioria das transações. Foram inclusive, adaptadas num expediente pela população, que consistia em empilhá-las em blocos lacrados e rubricados com o seu valor total – chamavam a estes blocos de “tijolos”.
Emissão Chamiço 100$00 Escudos (Banco Nacional Ultramarino)
Esta descrição antropomórfica que Pedro Muralha faz dos dois meios de troca em Angola era paradigmática de uma posição do Governo colonial que, tentando resolver as dificuldades financeiras da ex-colónia, pretendia também retirar o valor das emissões do BNU, para substituir o seu privilégio por um banco emissor privativo em Angola. Com o agudizar das dificuldades económicas e monetárias, em 1926, o Alto Comissário tomou a decisão de aplicar a reforma monetária em Angola, criando a Junta da Moeda e o novo banco emissor independente, o Banco de Angola. Marcou-se com esta reforma o fim da presença do BNU em Angola, onde este emitiu papel-moeda, pela primeira vez, em 1865.

BNU: Emissões de Macau para Timor-Leste (1920-1960)

 Em 1920 foi necessário aumentar o volume circulante e os valores em circulação. Neste contexto foi colocada em circulação notas de 25 patacas de origem macaense (da emissão Antiga Simples) com sobrecarga “PAGÁVEL EM DILLY-TIMOR”.

$25 Patacas
Primeira emissão: 1920
Retirada da circulação: 1948

Em 1933 foram identificadas notas falsas de 5 Patacas. Tal situação conduziu à urgência da sua substituição. Assim, foram enviadas 120 000 notas de 5 Patacas da Emissão Antiga de Macau com a sobrecarga “PAGÁVEL EM TIMOR”
$5 Patacas
Primeira emissão: 1933
Retirada da circulação: 1948

Em 1939 verificando-se falta de trocos na circulação foi autorizada a emissão patacas em cédulas de 5, 10 e 50 avos. Para ultrapassar o atraso decorrente da necessária produção e colocação no giro foi autorizada a circulação de cédulas produzidas inicialmente para Macau com a sobrecarga “PAGÁVEL EM TIMOR”.
5 Avos
Primeira emissão: 1940
Retirada da circulação: 1960
10 Avos
Primeira emissão: 1940
Retirada da circulação: 1960
50 Avos
Primeira emissão: 1940
Retirada da circulação: 1960

BNU: Cédulas "Emissão Porto" para as Colónias Africanas (1920-1932)

Emissões de 1 de Janeiro de 1920 do BNU são consideradas cédulas ou dinheiro de emergência já que a sua função era a de substituir a moeda metálica que rareava.
(1920-1929) $10 Centavos "Angola"
Em Angola era novamente evidente a falta de numerário para pequenas circulações não só nas maiores cidades como também no interior da colónia.
(1920-1929) $20 Centavos "Angola"
Para esta emissão o BNU produziu novas cédulas as quais foram fabricadas no Porto em casa desconhecida. A origem desta emissão nesta cidade (Litografia Nacional) deu-lhe o nome pelo qual ficou conhecida. Curiosamente foram realizadas emissões chamadas do Porto apenas em Angola, Moçambique, Guiné e Macau.
(1920-1929) 0$50 Centavos "Angola"
Ainda em 1920 dadas as insuficiências sentidas com a emissão Vasco da Gama, o BNU lançou para circulação novas notas de 50 escudos. Estas notas foram também produzidas no Porto e caracterizam-se pela fraca qualidade do seu papel e desenhos simples. São actualmente peças da mais alta raridade.
(1920-1929) 50$00 Escudos "Angola"
(1920-1932) $10 Centavos "Cabo Verde"
À semelhança das restantes províncias africanas em Cabo Verde foi autorizada em 1920 a 
emissão de cédulas com os valores de 10, 20 e 50 centavos e uma nota com o valor de 50$
(1920-1932) $20 Centavos "Cabo Verde"
(1920-1932) $50 Centavos "Cabo Verde"
(1920-1932) 50$00 Escudos "Cabo Verde"
Para a Guiné foram apenas produzidas cédulas com valor de 50 centavos. Esta emissão é caracterizada pela má qualidade do seu papel e pela sua extrema raridade.
(1920-1933) $50 Centavos "Guiné"
(1920-...) $10 Centavos "Moçambique"
(1920-...) $20 Centavos "Moçambique"
(1920-...) $50 Centavos "Moçambique"

Freguesia das Furnas

A área do Vale das Furnas foi, com a sua abundância de cedros, importante na reconstrução de várias localidades após a "subversão de Vila Franca" no ano de 1522, de entre as quais Vila Franca, Maia e Ponta Garça.
No ano de 1553, e devido ao grande desbaste de árvores que quase levou à destruição total do bosque do Vale das Furnas, foram mandados semear alguns pinheiros na área por ordem do capitão donatário Manuel da Câmara.
Mais tarde, no ano de 1577, o capitão donatário Rui Gonçalves da Câmera mandaria abrir três caminhos como forma de comunicação com Ponta Garça, Povoação, Vila Franca e Maia. Estas estradas, ou veredas, por serem muito estreitas e compridas eram denominadas riscos, ficando o caminho que ía do vale a Vila Franca conhecido como o risco de Vila Franca.

Os donatários começaram depois a mandar apascentar os seus gados no vale, seguindo-se outros proprietários. Dentro poucos anos os caminhos do vale eram percorridos pelos donos dos rebanhos e os pastores construíam algumas habitações de ramos de árvores.


O capitão donatário Manuel da Câmara, segundo de seu nome, e Governador da Ilha de São Miguel, agradado com a solidão do vale, mandou construir neste uma pequena casa, e uma ermidinha da invocação de Nossa Senhora da Consolação, no ano de 1613, tendo mandado construir ao lado desta ermida outra casinha, para onde foi residir um devoto criado seu que servia de sacristão e diariamente acendia a lâmpada da ermida. Foram pois estas moradas do capitão donatário as primeiras casas que se edificaram no vale.



Os eremitas que se estabeleceram no vale, num quarto oferecido pelo donatário Manuel da Câmara, construiram no ano de 1615 cabanas de taipa na contiguidade da Ermida de Nossa Senhora da Consolação. A ermida e o convento, fundado pelos eremitas, viriam a ser destruídos em consequência da erupção que ocorreu no vale no ano de 1630, levando os eremitas a procurarem outro sítio para se instalarem, tornando o vale a ficar despovoado, já que até os pastores não o penetravam mais.


Igreja Nossa Senhora da Alegria




Cai a noite nas Furnas

Emissões do Banco da Beira (1920-1930)

Ao contrário das outras colónias em que o Banco Nacional Ultramarino dispunha do monopólio da emissão de notas para todo o território, em Moçambique esse monopólio foi dividido para outras instituições em parte do século XX.
(1920-1930) $10 Centavos
(1920-1930) $20 Centavos
As emissões do Banco da Beira eram expressas em libras para as notas de ouro e foram colocadas a circular em 1919. Em 1924, foram lançadas em circulação cédulas de prata expressas em escudos. 
(1920-1930) $50 Centavos
(1920-1930) 1$00 Escudo
O recurso à libra esteve relacionado precisamente com as obrigações assumidas pela Companhia para com as possessões inglesas e ao volume de trocas comerciais com as mesmas. Inicialmente, o Banco da Beira adotou o ‘estalão esterlino’ inglês. Posteriormente, passou para o ‘estalão ouro’.
(1920-1930) 0,5£ Libra Esterlina
(1920-1930) 1£ Libra Esterlina
(1920-1930) 5£ Libras Esterlinas
 Todas as notas e cédulas foram produzidas pela Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd e eram assinadas por dois administradores e pelo gerente da agência.
(1920-1943) 10£ Libras Esterlinas
(1920-1943) 20£ Libras Esterlinas