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Cédulas do Município de Vila Real (1917-1925)

As moedas locais, destinadas à dinamização da economia local e pequenas trocas comerciais, não são uma novidade em Portugal.  Na década de 1920, a moeda desvaloriza de tal maneira que o metal se torna mais valioso que o seu valor de rosto. Surge então uma moeda de recurso impressa em papel, também designada de dinheiro de emergência ou cédula fiduciária, que é colocada em circulação tanto pelo Estado e entidades oficiais designadas para o efeito, como por entidades públicas e privadas. O que muitos não sabem é que também as Misericórdias emitiram papel-moeda nas terras onde escasseou o metal em circulação. Pelo menos 29, no norte, centro e sul do país, segundo dados apurados pelo VM.
Cédula: Vila Real $01 Centavo (Misericórdia) Serie A
A instabilidade governativa durante a Primeira República e, em particular, a eclosão da primeira Guerra Mundial (1914-18) vêm desequilibrar as contas públicas, dando origem ao aumento da dívida, inflação, escassez de bens e subida de preços. Os metais da moeda sobrevalorizam, tornando-se mais vantajoso derretê-los ou utilizá-los para fins industriais. A nível oficial, a solução passa pela emissão de moedas em ligas e metais pobres (bronze, cobre e até ferro), de notas do Banco de Portugal de valor reduzido e de cédulas pela Casa da Moeda. Em 1917, a Misericórdia de Lisboa é igualmente autorizada a emitir cédulas de 5 centavos. Mas isso não se revela suficiente para suprir a escassez generalizada de moeda.
Cédula: Vila Real $02 Centavos (Misericórdia) Serie A
Dentro das localidades, as câmaras municipais, juntas de freguesia, estabelecimentos comerciais (lojas, mercearias, etc), fábricas, associações, hospitais e Misericórdias decidem então emitir cédulas fiduciárias de valores entre 1 e 5 centavos, na sua maioria, mas também de 10, 20 e valores superiores (50 centavos e 1 escudo), em casos excecionais.
Cédula: Vila Real $03 Centavos (Misericórdia) Serie A
Todas estas emissões, incluindo as das autarquias, foram feitas ilegalmente, mas toleradas pela sua utilidade pública e circulação restrita. “Tirando as emissões da Casa da Moeda e Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que tinham circulação nacional, as restantes destinavam-se a suprir a necessidade de moeda a nível local”
Cédula: Vila Real $04 Centavos (Misericórdia) Serie A
Vivem-se tempos difíceis em vários pontos do país, sobretudo a partir de 1916, devido aos efeitos nefastos da primeira Guerra Mundial, gripe pneumónica (1918-19), elevada inflação e desvalorização da moeda. O aumento do preço dos géneros alimentícios e medicamentos torna especialmente difícil a gestão dos hospitais das Misericórdias, num período em que a maioria dos internados é pobre e a procura de doentes epidémicos aumenta.
Cédula: Vila Real $05 Centavos (Misericórdia) Serie A
Num ofício enviado ao ministro do Interior, em dezembro de 1917, o provedor da Misericórdia de Chaves, José Correia dos Santos Júnior, refere graves dificuldades financeiras, decorrentes do elevado custo dos medicamentos e alimentos e aumento da procura de doentes de concelhos vizinhos (Boticas, Montalegre, Vila Pouca de Aguiar e Valpaços). Face ao aumento da despesa com a atividade hospitalar e aumento generalizado de preços, o provedor propõe a emissão de 25 mil vales de 2, 5, 10 e 20 centavos, 40 mil vales de 50 centavos e 30 mil vales de 1 escudo. Numeradas, as cédulas apresentam uma ilustração do edifício constituído pela igreja e hospital, na frente, e de um grupo de três figuras (mãe e duas crianças) no verso.
Cédula: Vila Real $05 Centavos (Misericórdia) Serie D
É comum as instituições incluírem representações de monumentos, espaços públicos ou paisagens típicas das localidades, existindo ainda casos em que se representam as obras de misericórdia (Vila Real, Évora), versos da epopeia “Os Lusíadas” (Ferreira do Alentejo) ou ilustrações estilo Arte Nova (Pombal). Noutros casos, são colocados em circulação simples papéis carimbados com o brasão da instituição. 
Cédula: Vila Real $10 Centavos (Misericórdia) Serie A
Na imprensa da época, é frequente encontrar referências à “falta de fundos dos hospitais [das Misericórdias] para acudir ao tratamento e alimentação dos doentes”, segundo nos relata o especialista do Museu do Dinheiro. Nas suas incursões pela Hemeroteca de Lisboa, repositório de imprensa nacional, João Pedro Vieira lê que os “hospitais estavam abandonados pelo Estado” e que as "cédulas eram uma forma de conseguir algum financiamento”.
Cédula: Vila Real $10 Centavos (Misericórdia) Serie F
Infelizmente, na maior parte dos casos, os exemplares não chegam intactos aos nossos dias, devido à fraca qualidade do papel e intensa circulação neste período de escassez monetária.  Por essa e outras razões, este é um fenómeno pouco estudado e ainda pouco conhecido no universo das Misericórdias. A bibliografia é escassa e não há registo da emissão de cédulas na maior parte dos arquivos.

Cédulas do Município de Vila Nova de Gaia (1917-1925)

A Primeira República (1910-1926), ficou marcada pela instabilidade política, social e também económica e financeira.
Cédula: Vila Nova de Gaia $05 Centavos (Fabrica de Fitas e Fiação)
Com a implantação do novo regime, surgiram alterações monetárias, instituiu-se uma nova unidade e modificaram-se os títulos das moedas, o seu peso e liga, porém, tudo conjugado de forma a não alterar o seu valor real.
Cédula: Vila Nova de Gaia $10 Centavos (Fabrica de Fitas e Fiação)
Cédula: Vila Nova de Gaia $20 Centavos (Fabrica de Fitas e Fiação)
Em tais circunstâncias, em que se sentia cada vez mais a necessidade de dinheiro miúdo, surgiu uma nova moeda de recurso, a cédula de papel, cuja emissão saiu do âmbito da Casa da Moeda e se espalhou por toda a parte, sob a responsabilidade de câmaras municipais, Misericórdias e outras entidades públicas, e mesmo particulares, ainda que, segundo Oliveira Marques, fosse ilegal a emissão de cédulas pelas câmaras municipais ou quaisquer outras instituições que não a Casa da Moeda. 
Cédula: Vila Nova de Gaia $50 Centavos (Fabrica de Fitas e Fiação)
Cédula: Vila Nova de Gaia 1$00 Centavos (Fabrica de Fitas e Fiação)
Até 1924 tornaram-se comuns os editais da Câmaras Municipais a prorrogarem a validade das cédulas por ela emitidas, por prevalecer a escassez de moeda metálica e a dificuldade de trocos. Daqui em diante, iniciou-se o processo inverso de troca das cédulas por dinheiro corrente.

Cidade da Costa da Caparica


A Costa de Caparica tem historicamente, uma forte ligação ao mar, é uma terra construída por pescadores, inculcada por uma forte cultura e tradição de raízes piscatórias (com destaque para a Arte Xávega) que lhe conferem a sua singular identidade.

S. João da Caparica


Num documento de D. Afonso V, sobre os bens e as dívidas do falecido do conde de Abranches, documenta-se que o seu avô, Vasco Lourenço de Almada, tinha instituído um morgadio a que vinculara bens na Caparica e pinhais em Almada a uma capela, na Igreja de São Mamede, em Lisboa.


Miradouro dos Capuchos
Este miradouro situa-se na estrada que outrora ligava a Costa de Caparica a Vila Nova de Caparica, via Capuchos. Trata-se de um belo miradouro, um ponto de repouso e momento de apreciar a paisagem.

Avenida 1º de Maio

Cédulas do Município de Vila Nova de Foz Côa (1917-1925)

A Primeira República (1910-1926), ficou marcada pela instabilidade política, social e também económica e financeira.
Cédula: Vila Nova de Foz Côa $01 Centavos (Camara Municipal)
Com a implantação do novo regime, surgiram alterações monetárias, instituiu-se uma nova unidade e modificaram-se os títulos das moedas, o seu peso e liga, porém, tudo conjugado de forma a não alterar o seu valor real.
Cédula: Vila Nova de Foz Côa $02 Centavos (Camara Municipal)
Em tais circunstâncias, em que se sentia cada vez mais a necessidade de dinheiro miúdo, surgiu uma nova moeda de recurso, a cédula de papel, cuja emissão saiu do âmbito da Casa da Moeda e se espalhou por toda a parte, sob a responsabilidade de câmaras municipais, Misericórdias e outras entidades públicas, e mesmo particulares, ainda que, segundo Oliveira Marques, fosse ilegal a emissão de cédulas pelas câmaras municipais ou quaisquer outras instituições que não a Casa da Moeda. 
Cédula: Vila Nova de Foz Côa $03 Centavos (Camara Municipal)
Cédula: Vila Nova de Foz Côa $04 Centavos (Camara Municipal)
Até 1924 tornaram-se comuns os editais da Câmaras Municipais a prorrogarem a validade das cédulas por ela emitidas, por prevalecer a escassez de moeda metálica e a dificuldade de trocos. Daqui em diante, iniciou-se o processo inverso de troca das cédulas por dinheiro corrente.

Cédulas do Município de Vila Nova de Famalicão (1917-1925)

PAPEL MOEDA em Portugal - 1ª Republica
Portugal nos seus quase 900 anos de existência sempre viveu em constantes instabilidades económicas. A moeda sempre existiu e sempre serviu de moeda de troca nas transacções e negócios. Poderia ter sido um Pais estável, pois desde o inicio da sua existência que promoveu a expansão territorial interna e posteriomente com a expansão internacional através dos descobrimentos tornando-se num forte País comerciante.
Cédula: Vila Nova de Famalicão $01 Centavo (Camara Municipal)
Neste período áureo poder-se-á dizer que ou investiu ou gastou e nunca juntou. As riquezas trazidas de toda a parte do mundo serviram os interesses da época e sempre utilizada para a má gestão, pessoal, do País e suas colónias. Já no séc. XIX, o Brasil foi a nossa bolsa financeira com os Torna-Viagens que permitiram trazer muita riqueza e com eles investir num Portugal carenciado e pobre.
Cédula: Vila Nova de Famalicão $02 Centavos (Camara Municipal)
Com a entrada do séc. XX e com a Primeira Republica, a instabilidade politica é permanente, e a Grande-Guerra complementou-a e juntou-se à desordem social, económica e financeira. Com a implantação do novo regime, surgiram alterações monetárias, isto é, instituiu-se uma nova unidade monetária e modificaram-se os títulos das moedas, o seu peso e a liga, sendo tudo de forma a evitar-se qualquer alteração do seu valor real.
Cédula: Vila Nova de Famalicão $05 Centavos (Camara Municipal)
Em 22 de maio de 1911, através de Decreto-Lei, foi adoptada como unidade de cunhagem monetária, o escudo (divisível em 100 centavos), moeda de ouro equivalente ao antigo décimo de coroa, com o valor de 1000 réis, e que só apareceu como ensaio. Do mesmo modo, existiram moedas de 5 escudos, de ouro, de 1920, que não chegaram a entrar em circulação. Nos últimos anos da Primeira Republica, a situação económica era tão desesperada e tão má, que o poder de aquisição do escudo (1000 réis) começou a degenerar e a moeda metálica, cujo valor intrínseco ultrapassava o nominal, desapareceu de circulação.
Cédula: Vila Nova de Famalicão $10 Centavos (Camara Municipal)
Na década de 20, com esta crise monetária, o País sentia a necessidade de dinheiro corrente e de baixo valor, indispensável a pequenas transacções, que não havia. A elevada inflação fez com que a moeda se desvalorizasse de tal forma que o "metal de uma moeda era mais valioso do que o seu valor de rosto".
Cédula: Vila Nova de Famalicão $20 Centavos (Camara Municipal)
A necessidade da pequena moeda de troca, a partir de 1914, o governo autorizou a Casa da Moeda a emitir cédulas que se destinavam a substituir as moedas de cinco, dez e vinte centavos, verificando que esta medida não era suficiente acabando por permitir a autorização da emissão desse papel por parte das câmaras municipais dentro da área dos respectivos concelhos, generalizando-se com a emissão por parte de outras entidades.
Cédula: Vila Nova de Famalicão $01 Centavo (Pinto & Cª)
Em 1923, a inflação era de 1.720 %, o País com uma dívida milionária e ainda dívidas de guerra por pagar, o escudo valia tão pouco que efectivamente compensava guardar as moedas pelo valor metálico que tinham.
Cédula: Vila Nova de Famalicão $02 Centavos (Pinto & Cª)
Surgiu como pratica generalizada, pela sua necessidade, e fora do âmbito da Casa da Moeda, o recurso por parte de muitas câmaras municipais, Misericórdias, entidades publicas e até por entidades privadas, à emissão de notas e títulos com valor monetário, servindo de uso interno nesses concelhos, por forma a evitar a utilização da moeda, já inexistente, designando-a de "cédula de papel" ou "papel moeda".
Cédula: Vila Nova de Famalicão $05 Centavos (Café Armindo)
Estas emissões eram clandestinas e ilegais, mas autorizadas pelo Estado, circulavam livremente e eram aceites como de dinheiro se tratasse. Assistia-se ao "entesouramento das moedas, que refundidas por particulares rendiam acima do valor do seu rosto". Como a metal não existia e a escassez era tanta, o papel era o elemento básico para a sua concretização. A moeda papel fabricava-se em formato pequeno, de valor determinado e artisticamente bem trabalhado, e transformava-se em verdadeiro dinheiro regional.
Cédula: Vila Nova de Famalicão $10 Centavos (Café Armindo)
Em regra estas moedas-papel continham um valor entre um e cinco centavos, por vezes até de maior valor e perduraram entre os anos de 1917 a 1925, tendo já o governo proibido a sua circulação em 1924, mas só após a revolução de 28 de maio de 1926 é que começaram a desaparecer definitivamente com a emissão em massa, de moeda de pequeno valor.
Cédula: Vila Nova de Famalicão $02 Centavos (Brandão & Cª)
Este processo iniciado durante a guerra foi utilizado, dentro dos seus espaços territoriais de 178 concelhos do País, sendo que Lisboa e Porto não seguiram esta pratica.
Esta mudança de tipo de moeda sofreu num espaço de cerca de 40 anos a uma inversão de 180 graus, isto é, se em 1890 mais de 90% das transacções eram feitas em metal, em 1925 faz-se em papel em 99% da sua circulação.